Back to Basics

Logo na semana que o frio começa a voltar, visita importante em casa, nosso chuveiro queima.

"Você não pode esperar que tudo seja resolvido na hora!" recita a mocinha da help desk que supostamente está lá para, como o próprio nome diz, ajudar.

Como eficiência e limpeza não são os fortes desta terra, a gente entende porque ela não acha que cinco dias sem banho seja um drama assim tão grande.

A soluçåo: banho de balde. Não é ruim, nåo. Para falar a verdade, é até que muito bom.

Agora o chuveiro está de volta, com opção de jato forte, jato fraco, temperatura regulável de um a dez, mas confesso estar com um fundinho de saudade do balde e daquele mundaréu de água que, caindo sobre a cabeça, lava até a alma.

Pela primeira vez na história, uma região da Inglaterra é povoada por mais imigrantes que ingleses. Quase 52% da população de Wembley, bairro no norte de Londres, nasceu na Índia. De 1991 a 2001 mais de um milhão de pessoas vindas, literalmente, de todos os cantos do mundo, migraram para cá. (Nossa pequena família, portanto, ainda não está incluída nessa estatística.)

Nem precisava da pesquisa para comprovar essa hiper-diversidade escancarada que faz Londres tão singular entre as grandes capitais. Em quase dois anos aqui, nunca tive aquela sensação de peixe fora d'água, natural quando estamos num país que nåo o nosso.

Numa sexta-feira å noite, voltando para casa de metrô, brinquei com o Hermeti: "Quem for inglês nesse vagão levanta a mão!". Entre as vinte e poucas pessoas em questão tinha de tudo: australianos (fácil de reconhecer pelos chinelos de gosto duvidoso), poloneses (meninas loiras com cara de atendente do Starbucks), italianos (de dia, procure pelos óculos escuros gigantescos), japoneses (sempre super fashion), além de nós brasileiros (havaianas, bunda, unha do pé não pintada de esmalte cintilante) e os onipresentes asiáticos (difícil dizer se paquistaneses, hindus, bangladeshi ou do Sri-Lanka). E isso por que moramos num bairro predominantemente "inglês".

Estereótipos a parte, é reconfortante morar num lugar onde é possível "blend in" (não consigo achar um sinônimo satisfatório) tão facilmente. E só temos a agradecer aos ingleses que, apesar da fama de antipáticos e frios, (geralmente) acolhem de braços abertos este multiculturalismo.

Que bravinha!

Credo! Como os dois últimos posts estão negativos! E isso porque aqui na Inglaterra nem sou tão revoltada! Não quero nem saber:vou culpar o terrorismo. O próximo, prometo, será mais leve. E para alegrar os ânimos, um poster da minha nova mania: Alphonse Mucha (Muchá para os franceses, Mukrrá ou algo parecido para os tchecos).


 

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